Uma das preocupações da futura mamã é o aumento de peso na gravidez. Uma preocupação legítima já que, quer o ganho de peso insuficiente, quer o ganho de peso rápido e excessivo, são prejudiciais tanto para saúde da mulher como para o bebé.
Falemos do mais comum. Não são raros os casos em que a grávida durante as primeiras semanas de gravidez apresenta já um ganho de peso considerável. Por esse motivo, chega à consulta de nutrição sob uma pressão enorme para o controlo rigoroso do peso, aterrorizada com a ameaça do desenvolvimento de diabetes gestacional, e de um parto complicado dada a probabilidade de gerar um bebé muito grande. São riscos reais, é um facto, mas não deve ser motivo de desespero, ansiedade e culpa. Não quero com isto dizer que um aumento desmesurado de peso deva ser negligenciado, e deixar que se assuma “perdido por cem, perdido por mil”, e o típico “depois do parto, vê-se”, até porque, qualquer momento da gravidez nunca é tardio para melhorar a qualidade da alimentação.
As futuras mamãs que sentem desde o início da gravidez um apetite voraz, em que tudo e a qualquer hora do dia lhes sabe bem, e que está a levar naturalmente a que o ponteiro da balança se entusiasme, devem ter bem presente que a gravidez não é de todo o momento oportuno para a adoção de dietas restritivas e baixas em calorias para perder peso (nem para o manter, salvo raras exceções!). Se o fizer, ficará claramente debilitada, e estará a condicionar todo o desenvolvimento fetal, com risco de baixo peso ao nascer, ou mesmo de parto prematuro, já para não falar das sérias repercussões na saúde do bebé no futuro. No fundo, tal como engordar demasiado na gravidez não se reflete em bebés saudáveis, querer manter-se magra a qualquer custo, muito menos!
A palavra de ordem é atenuar a velocidade à qual está a ganhar peso. Mas como? Simplesmente através de uma alimentação sadia e nutritiva que não significa comer por dois, mas sim COMER PARA DOIS! Ou seja, uma alimentação de elevada qualidade nutricional e em quantidades adequadas, sem que o momento das refeições se transforme num ritual obsessivo de balanças, tabelas e resistências. Alimentar-se bem, não implica gastos económicos excessivos nem grandes aptidões culinárias, implica sim planear atempadamente as suas refeições, e ficar longe daqueles alimentos que não só não saciam como não acrescentam qualquer vantagem nutricional!
A evidência científica tem-nos mostrado que a alimentação tem um impacto enormíssimo na saúde futura desde fases muito precoces da vida. Assim, algo que nunca deve esquecer: como futura mamã tem o privilégio de promover o crescimento e desenvolvimento saudáveis do seu bebé, não só até ao seu nascimento, mas também a médio e longo prazos.
Relembro: A orientação nutricional pré-natal é muito importante para o desenvolvimento ótimo do bebé, mas também para a saúde da mulher, contribuindo para uma maior segurança face a dúvidas, mitos e falsos conceitos sobre a alimentação na gravidez.
Para informação acerca do ganho de peso na gravidez, consulte:
Institute of Medicine (US) and National Research Council (US) Committee to Reexamine IOM Pregnancy Weight Guidelines. Weight Gain During Pregnancy: Reexamining the Guidelines. Rasmussen KM, Yaktine AL, editors. Washington (DC): National Academies Press (US); 2009.








