A 4 de março, celebra-se o Dia Mundial da Obesidade. Um dia que serve para alertar uma vez mais para os perigos sérios desta doença na saúde física e mental de quem vive num corpo com proporções de gordura acima do esperado. Considerada pela OMS como um gravíssimo problema de saúde pública e a epidemia do século XXI, a obesidade afeta indiscriminadamente crianças, adolescentes e adultos. E não são só as formas corporais e a roupa que não assenta bem, não só são os quilos na balança e os esgares dos transeuntes. É a carga de doenças que esta condição, que de silenciosa nada tem, faz questão de se fazer acompanhar.
As causas são conhecidas. O problema é grave. A cura não existe. A prevenção apresenta-se como o caminho. Mas todos os dias e a cada visita, as redes sociais são invadidas por promessas. A esperança cresce a cada post de uns tais gurus que prometem resultados duradouros e infalíveis. O conteúdo encanta e inebria o pensamento crítico, tais são as falinhas mansas, as palavras caras sem sentido, o cenário de sucesso, os testemunhos forjados, e os gráficos e fotos de um antes-e-depois deslumbrante (benditos lhes sejam os programas de manipulação de imagem!). Se fosse tudo tão leve e colorido, teríamos a humanidade salva. Deixaria de fazer sentido o investimento em investigação, e as múltiplas reuniões de carácter científico que congregam profissionais sérios e leais à evidência científica verdadeiramente empenhados em travar o flagelo que a obesidade é. Mas por um punhado de euros e muita exposição mediática, ilude-se quem vive com a sua autoestima arrasada e que anseia resgatá-la a qualquer custo. A falta de humildade impera entre os arautos da salvação que afirmam ter descoberto uma fórmula mágica (ou método, como lhes chamam muitas vezes) sem que algum dia a tenham patenteado (quiçá não lhes seja conveniente divulgar entre a comunidade científica a receita da poção). Sequiosos da solução, recorrem ao mago. Cumprem escrupulosamente cada detalhe da prescrição e voltam. Voltam e constatam que perderam peso. Em pouquíssimo tempo, foram muitos os quilos deixados para trás (ou melhor, e mais corretamente, litros de água e quilos de massa muscular perdidos). Importa que finalmente os ponteiros da balança cederam e que o tamanho de calças baixou, como se obesidade fosse sinónimo de 2 ou 3 dígitos. E eis a pergunta que se impõe: a que preço? A um preço demasiado caro para a saúde, desde sérios défices nutricionais a desequilíbrios metabólicos e hormonais, às quais se juntam as perturbações do humor que não tardam em desregular o faminto corpo refém de cantigas que no fundo apenas garantem que o que irá perder é saúde. Perde saúde, mas não perde aquelas células rechonchudas, fofinhas, e extremamente trabalhadoras quando o tema é produção de substâncias nefastas e inflamatórias, refiro-me aos adipócitos (células do tecido adiposo), claro. Ou seja, a embalagem modifica-se à vista, mas a maleita, que permanece no conteúdo, está pronta a proliferar a todo o vapor.
Que este dia sirva o seu propósito: alertar para a gravidade do problema e incentivar, todos e cada um, a modificar o seu estilo de vida. Mas atenção! Mudar o estilo de vida a fim de reduzir gordura corporal, não significa passar horas a fio num ginásio e ter uma alimentação restritiva, desconsolada e com alimentos requintados ou invulgares. Significa sim, de forma consistente mexer-se mais e adotar uma alimentação adequada a si, sem medo, sem fome e sem culpa.








