Uma das queixas frequentes dos pais é a falta de apetite da criança, especialmente entre os 12 meses e os 4-5 anos de idade. Quando é a criança que passa a decidir o que come, quando come, e se o faz ou não, a tensão na família cresce. Isto leva muitas vezes à adoção de práticas persuasivas para os incentivar a comer, desde chantagem emocional à oferta de recompensas ou castigos, manobras de distração, xaropes e mezinhas: os pais anseiam pôr termo ao campo de batalha em que a hora das refeições se transformou!
Esta preocupação dos pais nunca deve ser desvalorizada, mas sim acolhida e analisada com rigor. Só depois de uma avaliação clínica minuciosa que exclua a presença de doença (o que se constata na maioria dos casos), é que se poderá assegurar aos pais que o seu filho é saudável, e que está a crescer e a desenvolver-se de acordo com o esperado. Ainda que verdadeiro, este argumento poderá ficar aquém de tranquilizar os pais de uma criança que sempre comeu bem e que, sem motivo aparente, passou a não mostrar qualquer interesse pela comida. Perante isto, há que explicar que após o 1º ano de vida, uma vez que a velocidade de crescimento é mais lenta, as necessidades nutricionais modificam-se, sendo muito comum manifestar-se redução do apetite. Por outro lado, deverão também compreender que nesta fase, o interesse pelos alimentos é facilmente substituído pela enormidade de descobertas e estímulos que a criança tem à sua volta, e que a recusa alimentar corresponde também a uma necessidade de afirmação.
Conhecer as expetativas e os conhecimentos dos pais sobre a alimentação da criança, quais as atitudes perante a situação e, logicamente, quais os hábitos alimentares da criança (e da família!), serão fundamentais para perceber o que significa na verdade o meu filho come muito pouquinho ou o meu filho não come nada. Percebe-se com frequência que, por desconhecerem as necessidades nutricionais reais da criança, muitos pais estabelecem como dose a oferecer quantidades excessivas de alimentos, sem considerar a capacidade gástrica nem o apetite dos filhos (nós, adultos, nem todos os dias temos a mesma vontade de comer!). Para além disso, os pais tendem a fazer comparações, quer seja entre filhos, quer entre estes e os sobrinhos ou filhos de amigos, não reconhecendo que se para algumas crianças determinada quantidade de comida é escassa, para outras é excessiva.
O que fazer então? Em primeiríssimo lugar, tal como dito acima, há que excluir a presença de qualquer tipo de doença. Depois, e porque cada criança é única e especial, há que delinear uma estratégia com base nas características da criança, só assim conseguiremos promover o seu bem-estar, e tranquilizar a família.
3 DICAS PARA OS PAIS
- Não obrigue a criança a comer! Esta atitude só irá perpetuar o problema, e não é raro levar a aversões a alimentos, que podem manter-se ao longo da vida.
- Nunca castigue nem suborne a criança para que ela coma! A criança passa a associar a refeição a um momento desagradável, e facilmente percebe que o facto de comer ou não, pode ser usado como forma de chantagear os pais.
- Dê o exemplo! Coma o que quer que o seu filho coma!
Refeições saudáveis, equilibradas, em família, sentados à mesa e sem distrações. Os pais que agem como modelo superam melhor esta fase de crescimento da criança.








