Amélia (nome fictício) é uma linda mulher de 36 anos que chega à consulta de nutrição cabisbaixa. O médico tinha acabado de confirmar o diagnóstico: LIPEDEMA. Amélia nunca tinha ouvido tal termo! Ela que ia só tentar perceber o porquê de tantas dores nas pernas. Agora, começa tudo a fazer sentido. Amélia desde muito novinha nunca gostou das suas pernas, e passa a explicar: “[as coxas] sempre foram assim: gordas. Gordas e com a pele estranha e com buracos, tipo queijo suíço! Nunca fui capaz de vestir uma saia. Aos 17 anos tinha os joelhos tão feios que pareciam duas bolas. Já para não falar das nódoas negras que apareciam sem saber muito bem porquê. Fiz todas as dietas da moda. E nada. Perdia peso, mas as coxas e os joelhos ficavam na mesma. Desenvolvi uma anorexia nervosa na faculdade, havia dias, que só comia uma maçã e uma ou duas cenouras. Nem água bebia! Estive muito mal, mas as coxas continuavam desproporcionais ao resto do corpo, mais as bolas dos joelhos. Sempre achei que estas pernas não eram minhas, mas a minha mãe dizia-me sempre que eu era fotocópia da minha avó que infelizmente faleceu pouco depois de eu nascer. Conheci o meu marido nos últimos anos da faculdade, já mais ou menos recuperada do meu problema com a comida, mas sempre em dieta. Tomava a pílula há uns anos e continuei até decidirmos ter os nossos bebés. Engravidei de gémeos. Imagine, gémeos! Têm agora 6 aninhos. Foi uma gravidez péssima. Nem saía de casa, tais eram as dores e o inchaço das pernas. Depois do parto, as pernas ficaram pior…”. Não haja dúvida que a história da Amélia é semelhante à de muitas mulheres com lipedema.
Mas afinal, o que é o LIPEDEMA? O lipedema é uma doença crónica, progressiva, associada à deposição excessiva e desproporcional de gordura nas ancas, coxas, pernas e tornozelos, sem afetar os pés. Afeta sobretudo mulheres, causando grande desconforto físico, devido ao edema, dor nas articulações, sensação de peso nas pernas, dificuldades em andar, hematomas, perda de elasticidade da pele, e bolsas de gordura na região dos joelhos. Por todos estes motivos, a presença de lipedema tem um forte impacto na autoestima e na qualidade de vida das mulheres afetadas. À data, desconhece-se a causa exata do lipedema, mas diversos estudos indicam que na sua origem estejam envolvidos maioritamente fatores genéticos (hereditariedade) e fatores hormonais (tende a desenvolver-se na sequência de modificações hormonais, como as que ocorrem na puberdade, gravidez e menopausa).
A boa notícia é que o lipedema tem tratamento! Tem tratamento para a Amélia, e para muitas outras mulheres que partilham do mesmo problema. Além das opções de tratamento tradicionais, como a cirurgia e as técnicas específicas de drenagem manual, a prática de exercício físico regular e a alimentação desempenham um papel crucial no controlo dos sintomas do lipedema.
Uma alimentação equilibrada e adaptada às necessidades nutricionais da mulher, que lhe permita atingir e/ou manter um peso adequado, e rica em alimentos com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes, contribui para a redução da inflamação e melhoria da circulação sanguínea, aliviando assim os sintomas e a progressão do lipedema. Ou seja, uma alimentação que deve incluir uma grande variedade de alimentos, como frutas e vegetais frescos, cereais e grãos integrais, alimentos ricos em proteína de boa qualidade e gorduras saudáveis, como as encontradas nas carnes brancas, no peixe, e nos frutos oleaginosos e sementes. Não esquecendo nunca de manter uma hidratação adequada, através da ingestão de água ou de tisanas não açucaradas ao longo do dia.









